segunda-feira, 30 de junho de 2014

"A saúde é subversiva porque não dá lucro a ninguém"


"A saúde é subversiva porque não dá lucro a ninguém." A frase não é minha (mas poderia ser), trata-se do slogan do blog Deixa Sair da jornalista brasileira Sónia Hirsch que se tem dedicado à promoção e educação para a saúde da população em geral. O tom provocatório do título e slogan não é por acaso: no seu blog, Sónia procura partilhar informação fruto das suas próprias pesquisas e experiência pessoal do que poderão ser hábitos de alimentação saudáveis, denunciar situações que só trazem prejuízo à saúde pública, ainda que disseminadas enquanto saudáveis pela indústria alimentar, criticar políticas que só existem para defender os interesses dos grandes, em detrimento da saúde dos pequenos. Quando descobri o seu blog devorei-o com prazer e com vontade de aprender, porque está construído com uma forte componente educativa: a autora faz sempre questão de responder aos comentários dos seus leitores (que não são poucos), numa perspetiva de partilha, orientação e de comunidade (infelizmente, algo raro no mundo da blogosfera).
Vale a pena ler, explorar e pensar porque é esse, e atrevo-me a concluir sem nunca ter privado com a autora, o principal objetivo do seu blog: fazer pensar, fazer-nos questionar o que julgamos inquestionável...
Deixo-vos aqui uma entrevista que Sónia deu recentemente e que mostra a sua postura face ao mundo, à alimentação e à saúde: fala sobre a importância de estarmos atentos às leis da natureza e aos seus ciclos, da escolha dos produtos alimentares em mercados (se possível biológicos), enfim, de estarmos atentos e fazermos parte integrante e responsável ao que nos rodeia e não deixar que sejam outros a escolher por nós. 
O meu desafio de hoje é: coloquem de lado o preconceito com o sotaque brasileiro (caso exista), coloquem de lado as reservas com o(a)s autodidatas no que diz respeito à alimentação e saúde. Estou convencida de que o conhecimento sobre a alimentação não pode ser exclusivo dos especialistas, fechado, guardado, manipulado e só partilhado quando as pessoas já têm os problemas, muito pelo contrário, todos deveriam procurar aprender, aprofundar e descobrir o que é que lhes faz bem ou mal e consequentemente ganhar algum controlo sobre a sua saúde. Ouçam com atenção as suas explicações tão claras, sinceras e acessíveis a todos, como só o(a)s brasileiro(a)s conseguem fazer:


segunda-feira, 23 de junho de 2014

10 anos de mercado biológico em Coimbra: as celebrações


Este último sábado, foi solstício de verão e apesar de não parecer que entramos nesta estação, foi um dia particularmente bem passado com os festejos do 10º aniversário do mercadinho biológico no Jardim Botânico de Coimbra. Já escrevi várias vezes sobre este mercado que ocorre duas vezes por semana em Coimbra (sábado e às terças-feiras no mercado do Calhabé), que nos últimos cinco anos tem sido um dos principais locais das minhas compras semanais e tem tornado possível a mudança nos nossos hábitos alimentares. Comecei a frequentá-lo na altura da introdução das sopas de legumes à minha filha mais velha e desde então nunca mais parei de o frequentar. Fiquei surpreendida quando soube que já fazia 10 anos: como é que durante 5 anos não tive qualquer conhecimento da sua existência? Talvez porque ainda não estava desperta o suficiente para estas questões, porque quando comecei a indagar onde haveria um posto de venda de produtos de agricultura biológica em Coimbra, não foi difícil de encontrá-lo. 
E ao longo destes 5 anos posso dizer com segurança que este mercado não só proporcionou a possibilidade de melhorar os hábitos alimentares da minha família, mas também alguns dos melhores momentos de convívio com as minhas filhas. Fica situado num espaço privilegiado da cidade de Coimbra, o Jardim Botânico e enquanto eu faço as minhas compras as miúdas (devidamente vigiadas pelo pai), brincam no espaço circundante, nomeadamente numa árvore que estranhamente e muito generosamente cresceu em direção ao solo, emprestando assim os seus troncos e ramos retorcidos às crianças que nela queiram trepar. Até a mais pequena já o faz com alguma perícia e já aconteceu saírem de lá com os joelhos esfolados, mas a pedirem para ficarem. Nas manhãs de sábado costumam perguntar entusiasmadas: "Hoje vamos ao mercadinho?"

Aqui ficam alguns momentos bem passados nestes últimos 5 anos:

 Comentário da minha irmã quando viu esta foto: "Rodin (quase) previu isto"!




Não é raro que outras atividades dinamizem o espaço em parceria com o mercadinho: artesanato, música e dança na sombra das árvores, ocorrem com alguma frequência…

 
Anos mais tarde a mais nova, na mesma época do ano, imitaria a irmã fascinada com o tom violeta que, por essa altura, cobre o chão...



























Mas como referi no início do post, este sábado foi o festejo do 10º aniversário do mercadinho e apesar da chuva que teimou em aparecer em pleno solstício de verão, o ambiente não poderia ter sido melhor. A começar pela qualidade dos produtos que já é hábito por estas paragens:


Se a minha filha não fosse alérgica ao trigo teria levado um bom punhado para fazer a típica sopa de trigo madeirense...
Lembram-se de eu vos ter falado deste pão? Agora quando o quero comprar preciso de telefonar com alguma antecedência e pedir para me guardarem. O mercadinho está, sem dúvida, a crescer...
Os primeiros tomates-cherry (que no mercado só se vendem produtos da época). Salicórnia, uma erva ótima para a salada para substituir o sal marinho (ou depois de seca e moída para a culinária em geral) e que segundo estudos científicos é anti-oxidante, anti-cancerígena, diurética e repositora de eletrólitos. Rebentos...

























Quem precisa de ovos de supermercado? Estes não são de galinhas criadas em "gaiolas melhoradas" (parto-me a rir quando leio essa nota nas caixas de ovos dos supermercados)...


Mel, melada (que descobri e adorei), cerejas, hortaliças. Enfim, palavras para quê?

Para além dos produtos, houve vários eventos para assinalar a data:
 Aula de yoga logo pela manhã (infelizmente não tive o prazer em participar)...



Fernando Meireles deliciou-nos com música celta ao vivo e claro, houve quem não resistisse e dançasse alegremente...







 A atuação dos Birds are Indie um grupo que, com a chegada dos 30, ousou quebrar com as convenções e seguir o seu sonho de se dedicarem a uma banda...


Uma tertúlia sobre Alimentação Saudável e Agricultura Sustentável, um momento particularmente interessante porque para além da informação veiculada pelos oradores, os presentes também fizeram questão em participar com as suas questões, partilha de informação e experiência.

O ambiente foi de facto de descontração e de convívio. O tempo passou sem sentirmos e a chuva que caiu, em algumas ocasiões, não nos demoveu de ficar e participar:



Houve, também, um almoço amavelmente oferecido pelos vendedores do mercado aos presentes. Aqui deixo o meu sincero agradecimento: refeições macrobióticas, vegetarianas e sobremesas saudáveis desfilaram em mesas improvisadas e as pessoas degustaram refeições maravilhosas enquanto partilhavam experiências e procuravam saber junto dos vendedores os segredos da confeção das refeições que comiam. Infelizmente, na altura já não tinha o meu iphone comigo e não me foi possível registar fotograficamente o momento.

E vocês? Por onde andaram? O meu conselho é que saiam de casa ou dos centros comerciais e venham para os mercados, tenho a certeza que só ficarão a ganhar.