quarta-feira, 21 de maio de 2014

Interdito na minha cozinha: óleos vegetais refinados




Já há algum tempo não fazia um "Interdito na minha cozinha...". Sei que não são posts muito populares mas ainda assim considero-os importantes porque alertam, informam e talvez façam pensar. Desta vez trago um produto que deixei de usar na minha cozinha (até mesmo “nas ocasiões especiais”) e substituí por outro bem mais saudável: o óleo refinado pelo óleo prensado frio.
Já é mais ou menos consensual que os óleos deverão ser de origem vegetal (girassol, amendoim, milho, gergelim e até o nosso azeite) por serem ricos em ácidos gordos ómega  3 e ómega 6. Estes ácidos gordos, que o nosso corpo não consegue produzir e por isso deverão ser consumidos através da nossa alimentação, são essenciais ao crescimento e reparação do organismo, em detrimento dos óleos de origem animal que têm um elevado teor de gorduras saturadas e que provocam inúmeros problemas cardiovasculares.
aqui e aqui falei de como conhecer, ainda que muito por alto, os princípios da alimentação macrobiótica foi importante na alteração dos meus hábitos alimentares. Foi ao ler este artigo do Francisco Varatojo que me chamou a atenção para esta questão: pelos vistos não bastava escolher um óleo de origem vegetal, mas o seu processo de fabrico também é determinante. Fiquei a saber que os óleos podem sofrer dois tipos de processamento (se assim podemos chamar): a pressão a frio e a extração a altas temperaturas recorrendo a solventes químicos à base de petróleo, esta segunda, como já seria de esperar, diz respeito ao processamento da maioria dos óleos existentes no mercado.

Esta questão, nova para mim, muito me intrigou e por isso pesquisei mais sobre o assunto. Nessa altura descobri que o processo de refinamento industrial dos óleos vegetais não só altera a estrutura química CIS, normal dos ácidos gordos essenciais, provocando o aumento dos níveis mais altos dos ácidos gordos TRANS, anómala e responsável pelo aumento do nível sanguíneo do mau colesterol (LDL) e triglicerídeos, como remove importantes elementos e agentes protetores naturais, como sais minerais e a vitamina E. Quando ocorre uma alteração e perde-se essa ligação CIS, descaracteriza-se a natureza essencial dos ácidos gordos tornando-os ineficazes para a sua função biológica como o efeito anti-inflamatório, a manutenção da pressão arterial, a prevenção da diabetes e até de alguns tipos de cancro. Neste sentido, estamos a comprar um produto que pensamos ser mais saudável, por ser de origem vegetal, mas que na verdade o seu processo de refinamento industrial anulou os seus benefícios para a nossa saúde. Reparem que este processamento refinado aumenta a produção final dos óleos, aumenta o prazo de validade do que a do óleos extraídos por pressão a frio, o que traz mais vantagens… para o produtor e para quem os comercializa.
A outra alternativa de extração dos óleos vegetais é a pressão a frio, na qual as sementes são prensadas uma única vez sem utilização de nenhum tipo de solvente ou calor. Só assim é garantida a manutenção da composição original das sementes e consequentemente dos ácidos gordos essenciais, tão importantes para a nossa saúde.
Por estas razões que descrevi anteriormente, a minha escolha passou a ser óleo de girassol e azeite biológicos que no rótulo contenha a informação “prensado a frio”. Ah e já agora: produtos alimentares processados que no rótulo ou na lista de ingredientes encontrem os termos "gordura vegetal hidrogenada", contêm este tipo de gorduras altamente refinadas. Vai tudo dar ao mesmo...

3 comentários:

  1. Para mim estes posts são muito importantes. Raramente uso óleos cá em casa, por saber o mal que nos fazem, normalmente uso azeite, mas não sabia da diferença do "prensado a frio" ou da "gordura vegetal hidrogenada". Ás vezes até nas lojas biológicas, sou um pouco céptica em relação aos produtos, pois acho que o principal objectivo será sempre o do "profit". Por isso aprecio muito este tipo de posts que nos esclarecem as dúvidas. :)

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    1. Olá Lígia,
      Também acho que o sentido crítico é essencial em qualquer dos casos, mesmo nos produtos biológicos. E também analiso sempre os rótulos dos produtos, mesmo que tenham a certificação de produto biológico e prefiro sempre, neste caso específico, os óleos que garantem no rótulo que foi extraído pressão a frio. Claro que os produtos biológicos à partida não poderão utilizar solventes químicos e provenientes do petróleo, mas mesmo assim prefiro sempre analisar para ter a certeza ;)

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    2. Lígia,
      Mais uma informação: o azeite extra-virgem à partida é extraído mecanicamente numa primeira prensagem, sem mistura de outros óleos ou refinamentos, portanto é uma boa opção. Ainda assim, eu opto por um azeite biológico, extra-virgem e no rótulo tem a informação que é extraído por um processo mecânico ;).

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