terça-feira, 4 de março de 2014

Estamos todos a precisar deste post



O estado do tempo influencia em muito o meu estado de espírito. O contacto com a natureza é essencial para a minha sanidade mental. Cresci no meio da natureza e ao fim de alguns anos a viver no centro de uma cidade (ainda que consideravelmente pequena) percebi que era importante voltar para o meio rural, ainda que de fácil acesso à cidade para a rotina diária (escolas, emprego, etc.). A busca desse equilíbrio e o querer proporcionar às minhas filhas o contacto diário e direto com a natureza, o simples prazer de poder brincar no jardim com todas as surpresas e emoções que isso oferece, foram as principais razões para termos optado por uma casa com jardim, no campo. Ainda foram algumas pessoas que tentaram dissuadir-nos da nossa decisão mas até hoje e já lá vão quase quatro anos, não nos arrependemos da nossa decisão, muito pelo contrário. Na minha procura para um estilo de vida saudável, a par com os hábitos alimentares, esta decisão foi a mais importante, não só para mim mas para toda a família. Claro que implicou uma série de ajustes no nosso modo de vida (desde o conviver com espécies animais que fugiria, há uns anos, a sete pés e que nos obrigou a colocar redes mosquiteiras para não termos visitas indesejadas dentro de casa, a ter de comprar um gerador devido aos cortes de energia mal o vento começa a soprar, até aos imprevistos causados pela fossa sética que até vivermos cá nem sabia muito bem o que isso era) mas tudo o resto, nomeadamente os rituais que as mudanças de estações nos proporciona, compensa os ajustes que foram (e vão sendo) necessários (isso dará outro post).
Este Inverno tem sido complicado (já o ano passado foi), meses de chuva e dias sombrios refletem-se no meu estado de espírito e o não poder estar no jardim a tratar ou a contemplar as flores, a horta ou simplesmente esticar-me à sombra do Chorão começa a ter efeitos no meu humor (penso que no humor de todos). Já nem sei com que cara digo às miúdas “Não se corre dentro de casa!”, porque sei que não podendo esticar as pernas no jardim, elas têm de extravasar as energias dentro de casa. Digamos que começo a ter uma visão distorcida da vida: a aumentar a magnitude dos problemas do quotidiano e a não ver as coisas boas que tenho (e sei que são muitas). 
E hoje, para não variar, foi mais um dia de chuva, de rajadas de vento repentinas que nos fazem ter medo de sair à rua. No entanto, foi também foi um dia de súbitas abertas em que o sol lembrava, de repente, que qualquer dia vem para ficar dando-nos dias de prazer, nos quais sentimos que vale mesmo a pena viver. Foi numa dessas abertas que eu dei uma escapadela ao jardim para respirar fundo e perceber que contra todas as probabilidades já há indícios de primavera, que a vida continua e segue o seu ciclo normal.



As hortênsias (ou novelos como chamam na Madeira) já estão a rebentar com a nova folhagem.



.
 E no Chorão, árvore que marca a identidade da nossa casa, já estão a aparecer as folhas que na primavera e no verão nos dão uma sombra deliciosa.

Estas foram as fotos que eu consegui tirar na minha escapadela ao jardim porque escusado será dizer que, pouco tempo depois, voltava a chover torrencialmente.

Sem comentários:

Enviar um comentário