sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O sentido da minha alimentação: a visão macrobiótica II






In http://www.lavmed.com.br/news_saude_20.asp


Acredito cada vez mais que nós somos o que comemos: a nossa saúde, imagem e até estado de espírito depende, em muito, do que comemos. E por isso a alimentação tem de ter um sentido, um significado que vá muito além, parece-me, da simples vontade, ou não, de comer, de matar a fome ou da urgência diária em comer para sobrevivermos. E parece-me que a visão macrobiótica dá esse sentido à alimentação: reflete sobre ela, investiga, explica. Apesar de não concordar (ou ainda não entender) todos os seus pressupostos não fiquei indiferente quando me cruzei, por acaso, com este modo de vida. Falei sobre isso no post anterior, agora passo a enumerar o que para mim foi importante mudar:
  1. Passei a dar muito mais importância aos cereais na minha alimentação, nomeadamente aos cereais integrais: antes o consumo de cereais resumia-se ao pão, bolo, massas e pouco mais. Cereais em modo de farinha, portanto e ainda por cima refinadas. Nunca fui muito adepta de comer os cereais no leite ou iogurte e não estava minimamente desperta para a importância de consumi-los na sua forma integral, achando que a sua ação não ia muito além da regulação do intestino. Já tentara consumir arroz integral, mas achava que o seu sabor não valia a pena o esforço (é um arroz que demora mais tempo a cozer). Depois de pesquisar sobre a alimentação macrobiótica e ler os artigos informativos passei a saber que as farinhas e cereais refinados (como por exemplo o arroz), perdem grande parte das suas propriedades originais do cereal em grão e que o arroz integral assume uma extrema importância na alimentação pela sua riqueza nutricional. A partir de então passei a utilizar as farinhas integrais e mais cereais integrais na alimentação da minha família. Não compro cereais que habitualmente vemos nos supermercados porque estão cheios de açúcar e muito menos aqueles que são apelativos às crianças (esses são os piores), mas sim cereais integrais, provenientes de agricultura biológica, preferindo sempre marcas que não acrescentam açúcar. Outro aspeto que passei a ter mais cuidado foi, sempre que possível, fazer a minha própria farinha de arroz: é uma farinha que uso muito (para pão, bolos, etc.) e como tenho uma bimby faço sempre a minha própria farinha de arroz integral biológico, na hora em que vou cozinhá-la para reduzir o risco de oxidação (as farinhas tendem a oxidar muito facilmente, trazendo consequências à nossa saúde). Infelizmente no que diz respeito à farinha de milho não consigo encontrar milho de agricultura biológica para poder pulverizar e fazer a minha própria farinha, mas opto sempre por farinha de milho biológica. Atualmente, também, passei a usar arroz integral nos meus pratos diários e descobri que é um arroz tão ou mais saboroso que o habitual. É preciso é saber confecioná-lo bem e dar-lhe sabor. Hoje até risotto faço com arroz integral e todos adoram cá em casa…
  2. A predominância dos vegetais na nossa dieta e o facto de deverem ser cozinhados de diferentes maneiras: passei a incluir muito mais vegetais na minha dieta, não só na sopa mas também noutros pratos cozinhados de diferentes formas. Passei inclusivamente a não cozinhar demasiado os vegetais e deixá-los al dente. Procuro cozer a vapor, salteá-los (ficam ótimos) ou cozo-os em pouca água: deito-os quando esta começa a ferver e tiro do lume quando novamente levanta fervura depois de os ter colocado.
  3. Passei a usar mais leguminosas, nomeadamente as tipicamente portuguesas (à exceção das lentilhas) e que para mim faziam todo o sentido atendendo à minha tradição alimentar. O feijão, o grão-de-bico, o chícharo, etc. voltaram à minha dieta semanal (em sopas, pratos principais em que não uso carne ou peixe, etc.). Não compro derivados das leguminosas como tofu, tempeh porque não os conheço assim tão bem para os incluir simplesmente na nossa alimentação e porque para alimentos processados já chegam os que uso habitualmente...
  4. Passei a incluir sementes e oleaginosas (sementes de sésamo, de abóbora, de girassol; amendoins, amêndoas, pinhões, nozes) a minha mãe já há alguns anos descobrira estes alimentos e incluíra na sua alimentação. Tentou incutir-me mas eu achei estranho na altura e não me pareceu que houvesse grande fundamento para isso. Agora vejo que ela tinha razão, pelo seu valor nutricional e benefícios para os diferentes sistemas do nosso corpo e hoje uso em muitas das minhas receitas (sopas, sumos, arroz, saladas, etc.).
  5. Foi nesta altura que passei a ter mais atenção em consumir frutas e vegetais da época e preferencialmente da região em que vivo: não só são mais saudáveis porque estão na sua condição plena em termos nutricionais, como também a sua produção é de um modo mais sustentável e exige muito menos do meio-ambiente. Produzir produtos alimentares fora da época e transportá-los para outras partes do mundo exige uma série de recursos e procedimentos (muitas vezes nefastos à saúde) que trazem consequências negativas ao meio-ambiente. Para além disso, a natureza está bem feita e a terra dá o que precisamos em função da estação que vivemos e do ambiente em que estamos inseridos. Como já tive oportunidade de dizer, não é por acaso que a época dos citrinos é no inverno, ou que a época dos pepinos, alfaces, melancias, alimentos cheios de água, é no verão...
  6. Escolher óleos prensados a frio: este foi um conceito totalmente novo para mim. Desconhecia que a maioria dos óleos existentes no mercado são normalmente extraídos a altas temperaturas, o que provoca alterações na sua composição e com solventes químicos à base de petróleo. Para além do azeite, nunca fui grande adepta de usar óleos (esporadicamente para alguns fritos), mas agora só uso azeite extra virgem de agricultura biológica e extraído através de procedimentos mecânicos e tradicionais e óleo de girassol biológico prensado a frio (esta informação vem no rótulo).
  7. Reduzi imenso o açúcar: já há muito tempo usava o açúcar amarelo e muito esporadicamente o açúcar refinado. Atualmente já nem compro açúcar refinado  e inclusivamente deixei de usá-lo no chá ou café (que no momento também já não sou consumidora). Quando faço algum doce caseiro (muito raramente como doces fora de casa) uso o açúcar amarelo como já antes fazia, ou mesmo o açúcar biológico integral (também chamado de rapadura); já usei o açúcar de côco mas considero que é muito caro. Sempre que posso uso o mel de abelhas para adoçar sumos, papas de aveia, panquecas, etc.
  8. Outra alteração importante foi ter passado a usar cosméticos (certificados pela Ecocert) e até produtos de limpeza ecológicos: desde o champô, até ao gel duche, creme, produto lava loiça, a produtos de limpeza caseiros, etc. E sabem que mais? No que diz respeito aos cosméticos são bem mais baratos do que a maioria dos cosméticos que se compra na farmácias... 
  9. E claro reduzi o consumo de carne, nomeadamente carne vermelha, mas sobre este assunto já falei exaustivamente aqui.
Estas foram as principais alterações nos meus hábitos neste último ano que passou e não estou nada arrependida, pelo contrário: (re)encontrei novos sabores e novas formas de me alimentar, igualmente (ou mais) saborosas e que só trazem benefícios para mim e para a minha família. Aconselho vivamente que mais informação sobre este modo de levar a vida. Acreditem, tal como eu, vão aprender muito.

2 comentários:

  1. Também cada vez mais me identifico com a visão e estilo de vida macrobiótica. E quando tenho tempo para me dedicar sinto-me tão melhor.

    ***rita

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    1. Sim, sem dúvida. Já não abdico de alguns hábitos como o arroz integral cá em casa ;)

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